Ser emigrante.

Com o título que escrevi devem ficar a pensar que sei o que é, bem, não sei porque felizmente não faço parte do grupo de pessoas que têm de abandonar o país delas, e consequentemente as suas famílias, para conseguirem pensar sequer em ter uma vida melhor. E digo felizmente, não porque tenha alguma coisa contra, mas porque não consigo imaginar sequer o sofrimentos nos Natais longe dos que mais se ama, não consigo imaginar a tristeza dos dias de aniversário, sem ter por perto aquelas pessoas que são capazes de nos fazer sorrir sem o minímo esforço, aquelas pessoas a quem chamamos família.

Tenho familiares meus espalhados por vários países e sei bem o que é não ter aqueles que mais se gosta por perto, sinceramente admiro-os e gosto deles ainda mais pela coragem e determinação que demonstram, o que me faz sofrer ainda mais.

Ser emigrante é ter sempre o coração apertado de saudades, é estar longe e dar o verdadeiro valor àquilo que é o amor, a amizade, a família. Ser imigrante é saber aproveitar os poucos momentos perto daqueles que mais gostamos. Mas ser emigrante é querer mais, porque não se está longe dos que se gosta sem motivo, as pessoas que vão para outro país vão à procura de oportunidades, vão à procura de ser mais! Procuram aquilo a que se chama uma vida melhor, porque a realidade é que o mais importante são os sentimentos, mas digam o que disserem o dinheiro faz tanta falta. Não compra amor, é verdade, mas compra bens essenciais que são necessários para todos, compra as condições minímas para uma vida realmente boa, e é isso que todos mercemos e procuramos, uma vida boa e digna.

Ser emigrante é verão. Ser emigrante é fazer supresas aos que se gosta, é aparecer sem avisar e animar com aquele gesto quem os ama.

Vendo as coisas por este perisma não somos tão injustos para os emigrantes? Eles vão embora do país porque querem uma vida melhor, coisa difícil, e mesmo assim têm orgulho nesse mesmo país que os "abandonou"! Nesse mesmo país que não cria condições para a tal "vida melhor", pelo contrário.

Criticamos as bandeiras nos carros, criticamos as tatuagens com o símbolo da seleção, críticamos a maneira de vestir deles, as músicas portuguesas nos carros, mas não fazemos sequer a mínima ideia do quão difícil é estar longe daqueles que se ama, estar longe do nosso país. Parece justo? 

Crie o seu site grátis! Este site foi criado com a Webnode. Crie o seu gratuitamente agora! Comece agora