Uma história de amor chamada Huguinho.

Olá a todos,

Hoje vou contar a história do Huguinho. Um menino muito especial, que faz parte de uma história de amor e carinho.

O Huguinho nasceu na França, quando a mãe tinha 38 anos. Durante a gravidez correu tudo bem, apesar de estar previsto nascer a 29 de Setembro e ter nascido apenas a 11 de Outubro, de cesariana. Quando nasceu, o líquido que o envolvia estava com uma cor amarela, mas até aí aparentemente, estava tudo correto.

As coisas mudaram, com alguns dias de vida, foram-se notando diferenças entre o Huguinho e as outras crianças da mesma idade. A mãe foi notando que não segurava a cabeça e rápido se apercebeu que o filho não era igual às outras crianças.

Foi com três meses, no hospital na França, que informaram a família que o Hugo tinha efetivamente um problema no cérebro. E foi aí que tudo começou, exames, fisioterapia, terapia ocupacional. Foi a partir desse momento que de iniciou a correria e a nova vida desta família.

Na França nunca sentiram preconceito, nunca sentiram que o filho era visto com outros olhos.

Até aos cinco anos, quando o Huguinho teria de entrar para a escola. Nessa altura voltaram a Portugal por causa do menino, visto que ao contrário do que aconteceria na França, em Portugal a Dona Céu poderia acompanhar o menino.

Mencionar ainda que no seio desta família, o Huguinho, tanto dos pais como da irmã, sempre recebeu todo o carinho e amor possíveis.

Já em Portugal, a Dona Céu encontrou num jornal, um tratamento que poderia ajudar o filho, uma família de S. João da Madeira, tinha recorrido ao tratamento em causa. E decidiu arriscar.

Arriscou porque o amor falou mais alto, arriscou porque se houvesse uma hipótese, por muito mínima que fosse, de o filho melhorar, não iria hesitar.

Em Cuba sozinho com o filho, durante três meses. Digam-me todos, se isto não é verdadeiramente, uma mulher de força. Segundo a Dona Céu foram três meses de luta, mas ao mesmo tempo, "os melhores das suas vidas".

Nesta aventura encontrou mais quarenta portugueses, que estavam precisamente na mesma situação, e sentiu muito amor e carinho. Porque ao contrário do que acontecia muitas vezes em Portugal, nunca sentiu o olhar desconfiado e preconceituoso em relação ao seu querido filho. As pessoas compreendiam e aceitavam a situação, apoiavam.

E diga-se que ser diferente não é mau, o Huguinho era diferente. Mas mais do que ser diferente, era especial. E existem tão poucas pessoas especiais no mundo, que quando se encontra uma é difícil aceitar e entender. Por detrás de todos os problemas, o Hugo era um menino normal, com um coraçãozinho que precisava de muito carinho e amor.

Passados três meses em Cuba, voltaram a Portugal. Mas com uma enorme vontade de regressar um dia e continuar o tratamento, porque três meses tinha sido muito pouco, houve progressos na altura, e o Hugo aprendeu a comer. Mas não regressou! E vocês perguntam-se porque? Porque da primeira vez que se aventurou, a Dona Céu gastou um valor, mais ou menos aproximado de 40 mil euros. 40 mil do seu bolso, sem ajuda ou apoio de quem quer que fosse. E apesar do enorme amor pelo filho, esta mãe tinha mais uma filha e um futuro pela frente.

Um ano depois de voltar de Cuba, o Hugo entrou para a escola em Boticas, acompanhado diariamente pela mãe e por uma professora própria e só para ele, frequentando a fisioterapia duas vezes por semana.

Na escola, o Huguinho foi muito acarinhado, desde professores, auxiliares, colegas e restantes alunos. O Hugo fazia parte da família de cada pessoa naquela escola, aprendendo algumas coisas apesar da sua condição. E apesar de ter entrado a medo, no final o Hugo sentiu que fazia parte daquilo. E finalmente, mas não menos importante, sentiu que era uma criança igual a qualquer outra.

Esteve na escola durante nove anos.

Para a irmã, o Hugo era especial, brincava com ele, transmitindo-lhe um carinho e amor imensos. E era saudável, apesar de tudo.

Até dia 1 de Dezembro. Dia em que o final desta história de amor se estava a aproximar. O Hugo começou a ter febre alta e apesar de ter sido levado ao hospital, não ficou internado. Como se adivinharia, no dia seguinte, teve de regressar ao lugar onde nenhum de nós gosta de estar e acabou por ficar internado, depois de muitos exames que acusaram uma infecção respiratória e no sangue. Durante a tarde começou a piorar, estava ligado a uma máquina, a mãe ficou com ele no hospital para passar a noite. E a maldita hora chegou! Por volta das 4h20 da manhã, a máquina do Huguinho desligou e não voltou a ligar. Morreu de mãos dadas com a pessoa que mais lutou por ele, a mãe, e para ela, não haveria desilusão maior. Foi hora de dar a notícia, mas a irmã já tinha tido um pressentimento e no fundo, foi só o confirmar da notícia. Ressalto que se o Hugo tivesse ficado internado no primeiro dia em que foi ao hospital, talvez as coisas tivessem sido diferentes, mas infelizmente, nunca iremos saber.

Durante quinze anos o Huguinho foi muito feliz, e viveu todos os dias uma vida normal. Normal mas não como qualquer outra criança, porque ele não era igual. Ele era especial.
E sejamos honestos, se ele foi tão feliz, isso deve-se à família maravilhosa que teve. Deve-se a mãe fantástica e incansável que teve.
Porque a Dona Céu é um exemplo, de mulher e de mãe. Um exemplo de força e coragem. Que todos devíamos seguir. E ainda hoje é um exemplo, por tudo que passou e pelo sorriso que tem sempre a oferecer. Pela paz que transmite.
O Hugo não podia ter tido uma mãe melhor. E ele vai ficar sempre guardado nos corações das pessoas que conviveram com ele. E nas suas memórias.

Hoje quis contar-vos esta história porque acho uma história bonita.
Acho um exemplo para todos nós, um exemplo que nos deve fazer reflectir naquilo que é importante.
Tem um final triste, é verdade, mas nós não somos o final que temos, somos o caminho que percorremos. E o caminho percorrido foi feito de coisas tão boas e momentos tão bons.

O amor comanda a vida, somos feitos de amor. E esta é sobretudo, uma história de coragem e amor.

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