Corália.
Caros leitores, a história que trago hoje, tem uma protagonista muito especial, mas é uma história que afeta várias pessoas. É a história de toda a sua família, dos seus amigos e de todos aqueles que a conheciam. Esta é a história da Corália.
A Corália nasceu no dia 5 de Janeiro de 1996 e faleceu no dia 4 de Setembro de 2018, com 22 anos, vítima de um ataque cardíaco. E neste momento a maioria de vocês pode não entender o motivo que me leva a escrever e a querer contar a história da Corália, mas aquilo que eu pretendo desde o primeiro momento ao escrever para o Ecos, é homenagear, é enaltecer e valorizar as nossas gentes. Apesar de a Corália já não estar entre nós, eram muitas as pessoas que a amavam e que lhe reconheciam um jeito muito característico, um felicidade muito genuína, um olhar muito puro e um sorriso perdidamente meigo.
A Corália deixou de estudar ainda nova, acabou por não querer seguir para Chaves onde iria continuar os estudos, muito porque não queria ficar longe de casa, de forma a estar sempre presente na vida da sua família. Esta foi a opção da Corália, e apesar de ser criticada por alguns, na minha sincera opinião, deve ser respeitada, porque no fundo, só ela saberia os motivos que a levaram àquela decisão.
Quando saiu da escola a Corália teve alguns empregos, mas o último que teve possibilidade de frequentar, terá sido como operadora, numa fábrica de calçado. E é aqui que afirmo com toda a certeza do mundo, que a Corália era adorada pelas suas colegas, muito devido à sua simpatia e boa disposição, fosse em que momento fosse.
A Corália não era como a maioria das raparigas de 22 anos, era extremamente doce, estava sempre disposta e disponível. Sempre pronta a ajudar quem quer que fosse. Muito positiva, era fácil gostar dela. Com 22 anos e era tão adulta! Tão humana. O mais incrível é que conseguia conviver com qualquer pessoa, de qualquer dia e com qualquer tipo de feitio, adaptava-se de forma extraordinária.
A relação que tinha com a família era baseada no amor, e na ajuda. Isso sempre foi o que ela mais desejou e pelo que mais lutou, ajudar a sua família, estar perto sempre que eles precisassem. Prova disso era a relação que tinha com a sua irmã mais nova, ao cuidar dela como se de uma filha se tratasse. Como em qualquer família, existiam discussões, mas não havia momento em que precisassem uns dos outros e alguém falhasse.
Já sobre amizade, em qualquer lugar a Corália tinha uma amiga ou amigo. Era impossível alguém não gostar dela, porque sempre foi aquele tipo de pessoa que ilumina a vida dos outros, que dá esperança e fé na humanidade! Ela fazia-nos acreditar que ainda havia uma possibilidade de um mundo melhor. E que se houvesse mais pessoas no mundo com o seu coração, aí sim, existiria um lugar bem melhor para todos nós.
No que toca ao amor, tinha o mesmo namorado desde os 16 anos.
A Corália adorava festas, feiras e tudo que fosse animado. Gostava de se arranjar e de se sentir bonita. Adorava que a penteassem, e cuidassem dela.
No dia em que tudo aconteceu, como podemos todos calcular, foi um choque para a sua família e para todos que a rodeavam. Num piscar de olhos a vida acabou para quem era luz, e não havia nada que pudesse ser feito naquele momento.
O relato da irmã, Cláudia Teixeira, diz-nos isso mesmo. Que ninguém esperava aquele momento: "Perder a minha irmã foi como perder uma parte de mim, foi um momento muito difícil e ainda continua a ser. Foi um choque enorme para toda a gente, nunca passaria pela cabeça de alguém que uma jovem de 22 anos falecesse assim, sem sequer parecer ter algo e sempre tão feliz . Tão complicado eu ver os meus pais e a minha irmã mais nova chorarem, isso partiu-me o coração. Naquele momento percebemos amor incondicional que havia entre nos, um amor que não se explica, apenas sente, é um amor para a vida e simplesmente um ate já."
A Cláudia pediu para agradecermos em nome da família a todas as pessoas que estiveram presentes no funeral da Corália, a todos os irmãos que contribuíram para que aquele fosse um momento muito digno. Todas as pessoas que sempre amaram a menina mulher que foi a sua irmã.
Com uma idade tão jovem e tanta vida pela frente, a Corália partiu cedo. Mas tenho a profunda certeza de que viveu intensamente os seus vinte e dois aninhos. Fez muita gente feliz e foi feliz. Amou e foi muito amada. Esta não é uma história feliz, mas é uma história de luz. Porque se em vida iluminou muitos caminhos, agora é uma estrela para todos que fizeram parte de si, da sua história.
Nós, que ainda temos a dádiva de estarmos vivos, resta-nos agradecer todos os dias, por mais um dia e um mundo infinito de oportunidades.